Yara Aquino
Da Agência Brasil, em
Brasília
Data 15/01/2014
Especialista defende que peso máximo de mochilas seja 10% do peso corporal
Na hora de comprar o material escolar, um item
merece atenção especial: a mochila. Com o peso muitas vezes
excessivo, devido à quantidade de livros e outros materiais, as
mochilas precisam ser adequadas para distribuir bem o peso e não
prejudicar a postura dos estudantes. Os pais devem ficar atentos para
evitar que os filhos carreguem peso maior que o recomendável.
A Academia Americana de Pediatria considera que o
ideal é que a mochila tenha entre 10% e 20% do peso corporal do
estudante. Há instituições que defendem o percentual de 15%. O
ortopedista pediátrico e professor na Santa Casa de São Paulo
Claudio Santili explica que falta consenso porque não há pesquisas
conclusivas sobre o tema. Ele defende que o peso máximo do material
escolar carregado pelos estudantes seja 10% do peso corporal.
O uso de mochilas com peso excessivo,
especialmente se carregadas de forma inadequada, pode provocar dores
e até problemas na postura, explica Santili. "Se for carregada
de forma inadequada, apenas de um dos lados do corpo, vai provocar
contração da musculatura do lado oposto e a criança pode ter dor
muscular. Se isso se prolongar, pode levar à postura inadequada".
Ao escolher uma mochila, é importante que ela
seja leve. Quando estiver vazia, não deve pesar mais que meio quilo.
O ideal é que seja de duas tiras, pois as de tira única para o
ombro não distribuem o peso uniformemente, o que pode causar
problemas de postura. O estudante deve tensionar as tiras para que a
mochila fique bem junto ao corpo e aproximadamente a cinco
centímetros acima da linha da cintura.
As alças devem ser acolchoadas, reguláveis e com
largura mínima de quatro centímetros na altura dos ombros. Tiras
estreitas podem causar compressão nos ombros e restringir a
circulação. É interessante também concentrar os objetos mais
pesados no centro da mochila e mais próximos das costas. As
orientações foram elaboradas pelo Proteste e pela Sociedade
Brasileira de Ortopedia Pediátrica.
Sabrina Albuquerque tem dois filhos que estão no
ensino fundamental, um de 9 e um de 13 anos, e fica preocupada com o
peso que eles carregam diariamente. "Dá pra ver pela postura
que o material está muito pesado, aí peço pra retirar alguns
livros e levar na mão. Mas, com isso, eles às vezes acabam
esquecendo o material", conta. Sabrina avalia que a escola
deveria se preocupar mais com a questão. "Acho que a escola
acaba se preocupando muito com o conteúdo, o vestibular, e não se
preocupa com essa parte física das crianças", relata.
As mochilas com rodinhas podem ser uma alternativa
para o excesso de peso. A Sociedade Brasileira de Ortopedia
Pediátrica alerta, no entanto, que é preciso ter cuidado com a alça
do carrinho que deve estar a uma altura apropriada. As costas devem
estar retas ao puxá-la. Esse tipo de mochila, porém, enfrenta
resistência dos adolescentes.
Além de mochilas adequadas, o diálogo entre pais
e escola é considerado fundamental para equacionar o problema do
excesso de peso que os alunos carregam. Algumas instituições têm
adotado medidas que reduzem a quantidade diária de material que
precisam levar.
Gabriela Braga é mãe de Caio, de 12 anos, que
cursa o 7° ano do ensino fundamental em uma escola particular de
Brasília. Ela conta que, neste ano, a escola vai adotar netbook e
apostilas próprias que serão entregues por bimestre. "Este ano
será entregue uma apostila por bimestre, com todas as matérias. Não
é muito material para carregar. Extra, só um caderno de dez
matérias", diz.
O ortopedista Cláudio Santili também alerta os
pais para conferir periodicamente as pastas escolares a fim de evitar
que os filhos carreguem objetos desnecessários. "A criança
também precisa ser fiscalizada. Muitas vezes, ela tem na mochila
coisas que não precisam ser levadas à escola, como joguinho para
brincar, o que aumenta o peso. Isso é muito comum", disse.
As discussões em torno do excesso de peso das
mochilas de crianças e adolescentes resultaram em um projeto de lei,
aprovado em novembro do ano passado na Comissão de Assuntos Sociais
do Senado, que determina que as mochilas devem ter, no máximo, 15%
do peso do estudante. O projeto também obriga as escolas a ter
armários para os estudantes guardarem material. O texto, no entanto,
não prevê nenhum tipo de fiscalização, nem sanções para quem
descumprir a norma. O projeto ainda precisa retornar à Câmara dos
Deputados.
http://educacao.uol.com.br/noticias/2014/01/15/especialista-defende-que-peso-maximo-de-mochilas-seja-10-do-peso-corporal.htm
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